声をきかせて

Há pessoas que se tornam seus amigos por anos. Os amigos verdadeiros. Outros se tornam amigos por conveniência. Há os amigos do colégio, os amigos de um curso, os amigos da família, os amigos dos amigos. Mas há também aquelas pessoas que se tornam seus amigos da maneira mais inesperada e não planejada – e assim foi com o senhor Keith Yuji Miyazaki (ah, não tem graça falar seu nome inteiro!)

Eu tenho a vaga lembrança de ter feito a inscrição dele e ter tirado a foto, mas o engraçado foi tê-lo conhecido por meio de uma entrevista aleatória (e que no fim nem foi utilizada). Interessante é que nessa hora eu nem cogitava que ele gostasse dos mesmos estilos musicais que eu. E, muito menos, que gostasse de livros! Até porque, convenhamos, está cada vez mais difícil arranjar alguém que realmente goste de ler. Ou seja, (pseudo)conversamos mesmo sem supostamente ter nada em comum!

Mas enfim, é só pra dizer que depois disso passei a conhecê-lo e ele é uma ótima pessoa pra conversas sobre os mais diversos assuntos, é alguém muito culto (haha), que gosta de me chamar de bachan mesmo eu não sendo, que me deve um livro e me deve um mochilão!

E tá aí ele mandando um beijinho para todos ;)
(haha to brincando, se quiser que eu tire depois é só avisar :D)

mudanças?

Quanto tempo! É muito difícil escolher sobre o que escrever em um blog público, mesmo que saiba que quase ninguém lerá. Mas, fiquei com vontade de escrever e vou fazê-lo sem nem mesmo revisar os erros de concordância e os vários paradoxos que costumam existir nos meus textos, não quero mais me preocupar com o que vão pensar de mim. Deixando essa conversa de lado, janeiro já está acabando e fevereiro é o mês onde o ano 'realmente' começa - pelo menos pra grande parte das pessoas. Particularmente, vou ter várias mudanças, mas me dei conta que pensei a mesma coisa ano passado. Estamos contantemente em frente de escolhas e mudanças, não tem como fugir. Embora seja assim, sempre nos acomodamos, não nos damos conta que escolher não mudar já é uma escolha, e uma das piores, diga-se de passagem. É realmente difícil querer mudar. Minto, é muito difícil fazermos alguma coisa a respeito desse desejo. Discursos de como a vida seria mais feliz se fosse dessa ou daquele outro jeito existem ao montes, é só estar disposto a ouvi-los, e é fato que somos diariamente vítimas do nosso próprio comodismo. E, pior do que isso, aceitamos a idéia sendo fiéis discípulos de um sentimento que não traz benefício algum. Viver assim não soa sem graça demais? Ultimamente, aprendi a gostar das mudanças. Mesmo que muitas delas não sejam como nós gostaríamos que fosse, elas servem pra abrir os olhos, de uma forma ou de outra. Pode até demorar para nos adaptarmos, mas se aprendermos a lidar com elas, certamente só trarão benefícios. É nisso que eu quero acreditar.

untitled.

- Às vezes olhando pra esse jogo de xadrez, penso que isso é tudo o que me restou dessa vida medíocre. Só me restou essa praça cheia de velhos, de desesperança e de vazio. Não é triste batalharmos a vida inteira pra acabarmos sentados em um banco pensando qual será a próxima jogada?
- De certa maneira sim, mas eu já estive conformado com esse fato desde o momento que percebi que meu dinheiro valia mais que a minha presença. Foi por isso que parei de trabalhar e hoje passo o tempo aqui na ilusão de que estou fazendo isso para meu próprio bem. Ainda tenho a sorte de ter esquecido grande parte da minha vida, que assim ainda sobra algum tipo de disposição. Xeque!
- Sorte? Ah! Eu daria tudo por uma lembrança sequer. Só tenho borrões, palavras avulsas, mal consigo lembrar dos nomes das pessoas que passaram por mim. E tenho certeza que há muitas coisas que por muito tempo eu considerei muito importante, e que eu deveria me lembrar agora, mas simplesmente não consigo. Essa sensação é horrível. Você não sente o mesmo?
- Não e nem quero me lembrar do que passou. A vida foi muito cruel e não faço questão de lembrar quem foi importante pra mim. Não faz diferença quem me elogiou ou quem mentiu pra mim. É a mesma coisa se todos me deixaram. Mas não precisa ter dó de mim, é assim que as coisas são. Mudemos de assunto. É a sua vez.
- É, às vezes a vida é assim mesmo. Penso que talvez eu tenha deixado muita coisa pra trás, por orgulho ou por ter achado conveniente. Quantos erros! Acabei sendo injusto comigo mesmo. Agi artificialmente somente porque não encontrava um caminho de volta, e só fui perfeito na minha imperfeição. Mas não me arrependo, se tivesse a oportunidade, acredito que não faria diferente. Você se arrepende do que fez?
- Ah, meu amigo, não quero falar de mim. Tudo o que eu quero é esquecer o que fui. Estou sentado aqui nessa cadeira justamente pra isso. E deixe toda essa tentativa de filosofar e jogue, eu tenho pressa.
- Pressa? Pressa por que, meu caro? Em algum momento da vida eu dei muito valor ao tempo, e não gostaria de perder um segundo sequer. Estava sempre planejando o que fazer no próximo minuto, organizando os horários pra fazer cada milésimo de segundo valer a pena; o tempo era sagrado. Queria aproveitar a vida ao máximo, mas hoje tempo é uma dimensão que não me faz diferença. Isso porque sei que, seja no próximo minuto ou na próxima hora, eu estarei bem aqui, nesse mesmo banco de praça olhando pra esse mesmo tabuleiro, mesmo que algum dia esqueça como se joga. E sei que um dia todos aqui vão partir, e talvez só me reste essas peças velhas.
- Tenho pressa porque tenho que alimentar um cachorro que apareceu em casa. Não é amor, mas o fato de ambos necessitarem de algo nos uniu. Eu dou comida, ele me dá alguns segundos de alegria. É assim. Ah, vou lhe dar um conselho: tome cuidado, nem sempre pensar demais e querer respostas pra tudo é a melhor saída. Em um segundo de distração a vida te domina, e aí você fica sem saída. Xeque-mate.

lord of the flies.

Como diriam os produtores do documentário Ilha das Flores, os seres humanos se distinguem dos outros mamíferos pelo seu telencéfalo altamente desenvolvido e o polegar opositor. Mas, além disso, podemos notar que desde a Antiguidade até os dias atuais os homens estabeleceram diversas formas de regime de governo que, de alguma forma, poderiam resultar na organização e ordem de uma determinada sociedade

Nesse mês, por indicação da Ana, terminei de ler o livro O Senhor das Moscas, de William Golding. Realmente, um livro muito intrigante. Não é o tipo de leitura que eu estou acostumada, e acabei demorando muito tempo pra terminá-lo. Mas ele basicamente conta de uma maneira bem simples a história de garotos que, na ausência de adultos, tentam organizar uma sociedade em uma ilha, logo após um acidente de avião. Como foi escrita nos primórdios da guerra fria, há toda uma influência pós-guerra que culmina na queda do avião. Intencionalmente ou não, o autor utiliza de simbolismos interdependentes. Cada pessoa naquela ilha representava diferentes papéis na sociedade como democracia (Raplh), fascismo (Jack), ciência (Piggy), propaganda ("Bicho"), fé (Simon), entre outros. Toda essa simbologia é, seja como for, interessante. Porém eu, particularmente, não gosto de discutir formas de poder.

Após ler alguns sites sobre o livro, encontrei outra simbologia que me pareceu muito mais chamativa. Ralph agora representava a consciência; Jack, instintos primitivos e animalescos; Piggy, a racionalidade; Simon, contemplação e intuição. Todos elementos contraditórios que estão presentes não apenas na sociedade, mas dentro de cada ser humano. Sendo assim, o que nos diferencia uns dos outros seria a "dose" de cada um desses e outros elementos secundários? Talvez assim como a sociedade, podemos até ter momentos em que temos a falsa impressão de passividade, mas as bombas sempre voltam a explodir. A diferença talvez esteja em como lidamos com a situação. Achei fantástica a maneira com que ele consegue ir além de análise social e expor os conflitos dentro da própria "psiqué" humana. Não foi à toa que o escritor ganhou o Nobel de Literatura. Há também o filme baseado no livro que assisti até a metade. Há coisas que você só entende se já tiver lido o livro, então não considero uma boa adaptação. Mas, é uma questão de opinião.

Estou com vontade de reler A Sombra do Vento, mas tem tanto livro na frente e tão pouco tempo! Não ando muito inspirada pra escrever, ainda mais quando a maioria são redações pro colégio. Estou pensando se participo do concurso de contos da fafiman, mesmo que até agora não saiba diferenciar com precisão dos outros tipos textuais. É isso. =)


Lendo: Drácula - Bram Stoker
O Mundo é Mágico - Bill Watterson
Ouvindo: New Shoes - Paolo Nutini

letters.

Um texto, uma frase, uma palavra. Uma declaração, um desenho, ou apenas um recadinho. Não importa o tamanho. Pode ser de aniversário, de natal, de despedida, ou até mesmo pela simples vontade de escrever. São lembranças, são momentos, desejos, elogios, reclamações, desculpas, são palavras que não foram ditas, sentimentos que foram escondidos. Uma carta é perfeita pra dizer o que ficou pra trás, uma pequena folha de papel pode transbordar sentimentos, mesmo que pareça tão frágil.

O gostinho de felicidade instantânea começa desde o anúncio “chegou uma carta pra você!” - ou até mesmo aquela mão estendida, segurando um papel nas pontas e alguém por trás com um sorriso no rosto. Logo, você se pergunta de quem, o motivo e seus olhos brilham, mesmo que a resposta esteja bem na sua frente. Muitas vezes, pode ser até de alguém que você ainda não tem tanta intimidade (ou não tenha nenhuma), mas o simples fato de receber uma carta pode mudar seu humor, e por que não seu dia?

Mas a mágica não acaba logo após a sua leitura. Eu, particularmente, guardo todas as cartas que recebo em uma caixinha – mesmo que não sejam muitas – e acredito que a maioria faz o mesmo. Reler com certeza traz nostalgia, mas nesse caso é um sentimento ótimo. Às vezes, simplesmente saber que você viveu momentos maravilhosos ou que as pessoas te consideravam de um modo diferente do que você imaginava faz surgir, mesmo que tímido, um sorriso. E é isso que me faz pensar que ‘cartas’ merecia um post, mesmo que pequeno, porque elas com certeza representam coisas importantes pra mim (só não mais que quem as escreve :3).

Antes que eu esqueça novamente, queria dizer que vou sentir muitas muitas saudades da Tammy, e já que ela pediu pra dizer como eu a amo, então eu queria agradecer por ter me animado várias vezes, e por ter sempre um sorriso no rosto :) vai dar tudo certo, right? o/ como eu já disse antes, eu tenho certeza que você não vai me perder 8)

Lendo: O Senhor das Moscas - William Golding
Ouvindo: Mezz'ora - Zero Assoluto

again.

Tentei colocar um template legal e tudo mais, mas definitivamente não me dou bem com essas coisas. Então, coloquei esse do blogger mesmo, que escolhi pela simplicidade.

Enfim, essa é mais uma tentativa de criar um blog, e a idéia desse é falar sobre qualquer coisa: livros, música, filmes, enfim...mas nada de vida pessoal. É só um lugar onde poderei colocar o que eu penso sobre alguns assuntos e tudo mais, e não tenho a pretensão de ter muitos leitores, só não quero que as minhas opiniões se percam por aí.

O endereço do blog, beyond the wind, é a tradução em inglês de uma música de Arashi "Kaze no Mukou e". Escolhi ela porque, além de ser totalmente viciante, gosto muito da letra. Afinal, beyond you and beyond myself, something is waiting :)
E, para o primeiro título, coloquei soap bubble porque tem um trecho do livro A Cura de Schopenhauer (Irvin Yalom) que eu gostei bastante. O trecho segue abaixo:

"Cada vez que respiramos, afastamos a morte que nos ameaça. (...) No final, ela vence, pois desde o nascimento esse é o nosso destino e ela brinca um pouco com sua presa antes de comê-la. Mas continuamos vivendo com grande interesse e inquietação pelo maior tempo possível, da mesma forma que sopramos uma bolha de sabão até ficar bem grande, embora tenhamos absoluta certeza de que vai estourar."

Esse trecho já foi me perfil no Orkut e, apesar de um pouco pessimista, não deixa de ser verdade. Aproveitando o trecho, recomendo muito o livro. Confesso que vendo a sinopse eu não tinha me interessado muito, e acabei comprando pela reputação do Irvin. Mas ele me surpreendeu muito, e apesar de não ter gostado dos capítulos que falavam da vida de Arthur Schopenhauer, gostei muito dos personagens cativantes. Eu não gosto muito quando os escritores idealizam seus personagens, e nesse livro todos, de alguma forma ou de outra, cometem erros, pensam e agem errado, até mesmo quando passa a falsa sensação de ser totalmente sensato. Talvez por isso eu tenha gostado, afinal, todos eles são humanos.

ps: se você quiser comentar, tem que clicar no número entre parênteses logo após 'comments' lá em cima do post :)

Lendo: O Senhor das Moscas - William Golding
Ouvindo: 5×10 - 嵐